O deputado federal Domingos Dutra (PT) lamentou a ausência do presidente do Senado, José Sarney, durante seu pronunciamento na sessão do Congresso na tarde desta quarta-feira (13). Ao observar na lista de oradores que Dutra seria o primeiro orador, Sarney saiu da mesa e passou a presidência a Vice-Presidente, deputada Rose de Freitas (PMDB/ES).
Na ocasião, Dutra discorreu sobre as declarações, a qual classificou de “inverdades”, concedidas por Sarney ao jornal Correio Braziliense, na edição do último dia 8.
“Gostaria que José Sarney estivesse presente para ouvir meus comentários sobre a série de bobagens que ele declarou na entrevista. Vou destacar alguns sofismas, algumas inverdades, para não dizer mentiras citadas na entrevista”, disse Domingos Dutra na tribuna.
Em um dos trechos da entrevista ao Correio Braziliense, Sarney afirmou que faz política sem clientelismo, onde destaca que não é apegado a cargos. “O presidente do Senado José Sarney é incoerente, pois, ele controla todos os cargos no Maranhão, detêm o controle dos cargos no Banco da Amazônia (Basa), em Belém”, citou o deputado.
“Além de comandar cargos no Amapá e ser dono do setor elétrico há décadas, Sarney também tinha um ninho na VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias e possui cargo na Caixa Econômica”, exemplificou Dutra.
Dutra destacou a pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) a qual aponta o Maranhão como o Estado com o maior número de pobres no Brasil. “1,7 milhão de maranhense vive com menos de R$70,00”, lembrou.
O petista também fez menção aos números recém divulgados pela Veja os quais equiparam o Maranhão aos países mais pobres do mundo. A revista apontou a renda per capita do maranhense em R$510,00, menor que a renda de El Salvador; como também mostrou que 14% da população do Estado está em extrema pobreza, idêntica à população da Indonésia.
A revista pontuou também que o Indicie de Desenvolvimento Humano (IDH) do Maranhão é de 0,68, igual ao IDH da Namíbia; e a expectativa de vida do maranhense na faixa de 68 anos, pior do que o Uzbequistão. O periódico comparou também o índice de mortalidade infantil, que é de 36 crianças por mil nascimentos, maior do que a do Iraque; além de enumerar que apenas 8% da população têm acesso à Internet, inferior ao do Sri Lanka.
“Não foi o Governador Jackson Lago o responsável pela desgraça a qual está o Maranhão hoje. A imagem negativa do Estado é por conta dos infelizes 57 anos de poder oligárquico da família Sarney”, enfatizou Domingos Dutra.
“Sarney cara de pau”
Dutra disse ainda que o senador José Sarney serviu os militares durante vinte anos e que votou contra as diretas, mudando de posicionamento quando percebeu que o regime militar estava no fim.
“Mas é muita cara de pau! Apoiou o Ato Institucional nº5 (AI-5) e foi conivente com a tortura. O maior exemplo é Manoel da Conceição que sobreviveu à torturas e permanece vivo para contar a história. Manoel foi preso e torturado no Maranhão, perdeu uma perna pela Polícia do Governo de José Saddam Mubarak Kadaf Sarney”, disparou o deputado.
“José Sadam aproveitou a onda das ‘Diretas Já’ para se juntar a Tancredo Neves. Tancredo morreu – até hoje ninguém soube a causa –, e ele acabou assumindo. Era para ser apenas quatro anos no poder, ganhou um ano a mais em troca de dar canal de rádio e TV. Nesse período, Sarney deixou o Brasil com 86% de inflação. Fernando Collor disse que iria colocar Sarney na cadeia, e ele acabou governando junto com o Senador. Há muita coisa ainda obscura”, finalizou Dutra.
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