quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Folha de São Paulo revela dados da pobreza extrema no Maranhão

A maior pobreza é a de espirito público

O Jornal Folha de São Paulo trouxe na sua edição de domingo dia 31 de Julho, ampla reportagem sobre a miséria em nosso país.
Três indicadores serviram de base para a análise dos repórteres Antônio Gois e Pedro Soares, o RENDIMENTO PER CAPITA (o mesmo que renda per capita), que é a soma dos salários de toda a população divididos pelo número de habitantes, o PIB, Produto Interno Bruto, que é a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc.) e o percentual de pessoas com renda inferior a R$ 70,00 (setenta reais por mês).
Os dados foram extraídos do IBGE, com base nos últimos censos de 2008 e 2010, e apontam situação de alerta na região de Pedreiras. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a média nacional de brasileiros vivendo com menos de R$ 70 per capita é de 9,6%, na região de Pedreiras essa média está muito acima como demonstro no quadro abaixo.

MUNICIPIO PIB per capita 2008. Moradores com renda inferior a 70 reais:
Peritoró R$ 2.336,00 R$ 251,00 44%

Lima Campos R$ 3.158,00 R$ 331,00 26%
Pedreiras R$ 5.321,00 R$ 408,00 16%

Trizidela do Vale R$ 3.792,00 R$ 288,00 20%
Bernardo do Mearim R$ 5.571,00 R$ 280,00 25%

Igarapé Grande R$ 3.825,00 R$ 304,00 25%

São Luís Gonzaga R$ 5.613,00 R$ 249,00 42%

Lago dos Rodrigues R$ 6.341,00 R$ 287,00 23%

Lago do Junco R$ 3.915,00 R$ 233,00 43%

Joselândia R$ 3.865,00 R$ 259,00 37%

São José dos Basilios R$ 3.241,00 R$ 204,00 45%

Esperantinópolis R$ 3.308,00 R$ 279,00 32%
São Roberto R$ 2.887,00 R$ 182,00 42%
Poção de Pedras R$ 6.761,00 R$ 286,00 33%
MÉDIA GERAL R$ 274,36 32,35%

São inúmeras as observações que podem ser feitas a partir destes dados, são informações que merecem mesmo um seminário regional para debater e traçar politicas de combate à pobreza em nossa região.
São José dos Basilios, Peritoró e São Luís Gonzaga do Maranhão são os municípios com maior numero de pessoas nessa situação, quase a metade das populações destes municípios vivem em situação de pobreza ou miséria.
Pedreiras, com a menor proporção de pessoas na pobreza ou miséria e maior renda per capita não tem muito que comemorar, pois está ilhada, cercada de municípios que buscam aqui um equilíbrio e maior qualidade de serviços em geral, o que acaba sobrecarregando a cidade e não fazendo com esta situação se reflita em prol somente de sua população.
Por outro lado, o rendimento do pedreirense também é em parte proveniente dos municípios vizinhos que se abastecem do mercado de produtos e serviços que é de maior qualidade.
Se considerarmos que as populações dos municípios que apontei no quadro acima têm de acordo com o IBGE um total de 213.784 habitantes existirão hoje na região mais de 65 mil pessoas vivendo com menos de 70 reais por mês, quase uma Pedreiras e meia na miséria absoluta.
É preciso rever a politica individualista, isolada e egoísta praticada pela maioria dos prefeitos da região, é preciso inverter o foco em algumas administrações municipais, que mais se preocupam em agradar parentes e aderentes que em combater os reais problemas da cidade e da região.
É voz corrente hoje a distancia da maioria dos prefeitos de suas funções reais, delegando poderes a terceiros que não foram escolhidos por voto pela população ou mesmo abandonando totalmente a cidade com a desculpa de “correr atrás de recursos”.
Precisamos unificar toda a classe politica para combater a pobreza, e isso só será possível com a reaproximação de todos, principalmente com a população, que é a quem todos devem os seus mandatos. A maior parte dos problemas de nossas cidades pode ser resolvida por aqui mesmo, com a formação de consórcios municipais para resolver situações nas áreas de saúde, educação e até mesmo no combate a mais nova e letal ameaça que é o crack, além de outras drogas ilícitas que estão dizimando nossos jovens e suas famílias.
A matéria da Folha de são Paulo também mostra exemplos de cidades que vivem com altíssimo PIB proveniente de atividades ligadas à indústria de petróleo (dez casos), cultivo de soja ou grãos (oito) e hidrelétricas (cinco), atividades que geram muita riqueza, mas empregam pouco, derrubando por terra a estratégia nazista que utilizam no Maranhão para pregar que o caminho do desenvolvimento é através da instalação de grandes indústrias ou de exploração de riquezas como o gás e o petróleo.
O que o Maranhão precisa é identificar sua verdadeira votação em cada região do estado, disponibilizando serviços e articulando os municípios a buscarem parcerias politicas e econômicas voltadas para o fortalecimento das mesmas.
Em nossa região não preciso analisar como estamos atualmente, desde a situação politica com cada prefeito de nossa região buscando deputados estaduais e federais sem nenhum conhecimento ou comprometimento conosco, à subserviência politica da maioria dos atuais políticos com mandato que se curva ao Governo do Estado e Federal calando-se com relação a problemas que estão se perpetuando e sendo utilizados só como barganha politica em época de eleição, ou outros que estão parados, como as estradas de Pedreiras a Joselândia e o caso da agua em Trizidela do Vale, que foram deixados pelo saudoso Governador Jackson Lago e estão sendo usados para humilhar nosso povo que vai ter que sofrer muito ainda antes de ter a solução definitiva dos mesmos, tudo sobre o cumplice silêncio de quem foi eleito para defendê-los. Se esses políticos tratam assim obras visíveis, imaginem com relação a um problema como a pobreza e a miséria.
É triste ver algumas cidades sendo comandadas por quem não teve um voto sequer ou mesmo a deriva, sem ninguém a comandar seus destinos devido às ausências de prefeitos ou de vereadores. Pode servir a quem quiser essa desculpa de “correr atrás de recursos”, mas é difícil acreditar que quem não consegue se articular com o vizinho vai poder um dia se articular com alguém na capital do estado ou do país.
É preciso combater a pobreza, a pobreza que assola nossa gente e a pobreza de espirito público.

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